Quando se fala em trabalho remoto, uma preocupação clássica das empresas é “Se eu não conseguir ver as pessoas, como eu vou saber se elas estão trabalhando? E se elas passarem todo o tempo distraídas com outras coisas?”.
Esse é um tipo de questionamento que revela uma cultura de
insegurança e controle. Mostra que, na verdade, o sucesso está sendo
medido considerando as horas de presença física em um local e não o que
foi produzido. Estamos assumindo que esse é o ponto que precisa ser
monitorado para dizer que o trabalho está indo bem. E, assim,
dificilmente se enxerga o que realmente importa.
A verdade é que presença física só nos garante que a pessoa está ali,
mas não garante que ela está envolvida no que precisa ser entregue.
Porque se as pessoas quiserem passar o dia inteiro em redes sociais ou
enrolar de qualquer outra maneira elas também conseguem fazer isso do
escritório. Ir para o escritório não é uma garantia de produtividade.
O que deveria estar sendo medido é o valor que aquela pessoa entrega e
não quantas horas ela passou sentada em frente ao computador.
Além disso, esse tipo de micro-gerenciamento não considera as
individualidades de cada um. As pessoas são mais produtivas nas mais
diferentes situações, locais e horários. Tem aquelas que produzem mais
logo pela manhã, outras preferem destinar a manhã para meditação e
exercícios e começar um pouco mais tarde, outras preferem ainda
trabalhar só a noite, no silêncio e sem interrupções. Basta pensar por
uma abordagem mais humana, que vemos que o controle precisa estar do
outro lado.
É uma questão de autoconhecimento. Identificar quando, onde, e como
funcionamos melhor tem um impacto direto na nossa produtividade e
qualidade de vida. Acredito que as pessoas devem ter autonomia sobre a
organização da sua rotina. É uma mudança simples que revela naturalmente
o propósito de cada um com o seu trabalho.
Com objetivos bem definidos e compartilhados com o time, não há a
necessidade de um papel gerencial. Quando definimos claramente as regras
e os pontos de contato, todo gerenciamento pode ser mais focado no
progresso. Assim, a relação é de confiança, e não de horário.
É essencial ter um propósito claro, que nos inspire a trabalhar com aquilo todos os dias. No nosso dia a dia no Startaê,
isso acontece por meio de alguns hábitos que adotamos. Em primeiro
lugar definimos objetivos anuais e trimestrais através da metodologia OKR. Assim, o time fica alinhado na mesma direção, sabendo quais resultados queremos alcançar em cada período.
Na prática do dia a dia, temos ciclos rápidos de feedback e
acompanhamento do progresso. Dentro dos projetos, cada time define
objetivos semanais e fazemos alinhamentos rápidos diários onde cada
membro do time compartilha o seu progresso desde o dia anterior e quais
são os seus próximos passos. O horário e o local de onde estão
trabalhando realmente não interessa.
Você não precisa do micro-gerenciamento para ter certeza que o seu
time está produzindo. Agora, se você não pode confiar nas pessoas que
estão trabalhando com você sem fiscalizar de perto, talvez essa
contratação ou a própria relação tenha que ser reavaliada. O fato é que a
relação das pessoas com o trabalho está mudando, e nesse contexto a
confiança é fundamental para garantir um ambiente leve e produtivo.
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