Você tem uma ideia incrível, mas não tem verba para transformá-la em um negócio de milhões de reais? Bem, se a sua ideia for realmente sensacional e tiver potencial para gerar lucro, há boas chances de você chamar a atenção de um anjo e conseguir investimento para que seu sonho vire realidade.
Não é brincadeira, não. No Brasil, cada vez mais ideias são financiadas pelo Investidor Anjo, definição que veio dos Estados Unidos para pessoas físicas que investem recursos e trabalho próprios em startups e normalmente têm uma participação minoritária no negócio. O termo "anjo" é utilizado pelo fato de não ser um investidor puramente financeiro que fornece apenas o capital necessário para o negócio, mas por apoiar ao empreendedor, aplicando seus conhecimentos e rede de relacionamento para orientá-lo e aumentar suas chances de sucesso.
Como explica Cassio Spina, fundador da Anjos do Brasil, organização sem fins lucrativos criada para fomentar o crescimento do investimento-anjo no Brasil e autor de Investidor Anjo: Guia prático para empreendedores e investidores, esse tipo de investidor não tem posição executiva na empresa, mas apoia o empreendedor com sua experiência, além dos recursos financeiros.
Cair nas graças de um anjo não é tarefa fácil, mas também não chega a ser uma missão impossível. Para começar bem, confira estes 6 passos:
1 – Seja excelente. Anjos investem em startups comandadas por pessoas brilhantes. A figura do empreendedor é tão importante porque é a garantia de que o investimento trará resultados. Para ser essa pessoa, você precisa, em primeiro lugar, ter profundo conhecimento do mercado em que quer atuar e do diferencial competitivo que tem a oferecer.
2 – Prepare-se. Para apresentar seu negócio a um potencial investidor, você precisa fazer a lição de casa. Segundo Spina, você deve estar pronto para fazer uma apresentação inicial rápida de 2 a 3 minutos, apresentar um sumário executivo de 1 a 2 páginas, que contenha as principais informações do negócio (produto, mercado, equipe, concorrentes, necessidade e uso do capital) e, se possível, já ter um plano de negócio bem desenvolvido. “Negócios planejados simplesmente para ‘ganhar dinheiro’ ou por status estão fadados ao fracasso”, diz Spina.“Até hoje, não conheço nenhum negócio legal (no sentido jurídico do termo) que não desse prejuízo no início e no qual o empreendedor não tivesse de carregar caixas e fazer qualquer coisa que fosse necessária para que tudo desse certo.”
3 – Apresente inovação. Sua ideia genial precisa ser inovadora de alguma forma, seja no produto ou serviço, no processo de fabricação ou no modelo de negócio.
4 – Demonstre o potencial. O negócio precisa ter um mercado potencial significativo porque terá de atingir um patamar de dezenas ou centenas de milhões de reais. Ele também deve ter potencial de alta rentabilidade, superior a 50% ao ano.
5 – Respeite os limites. O valor do investimento necessário para tirar a ideia do papel não deve superar R$ 1 milhão. O investimento-anjo é normalmente feito por um grupo de 2 a 5 investidores, tanto para diluição de riscos quanto para o compartilhamento da dedicação. Se o valor do investimento que você procura for superior a R$ 1 milhão, é melhor buscar outro tipo de investidor, como os fundos de investimento, por exemplo.
6 – Faça contato. Segundo Spina, há três formar básicas de entrar em contato com os anjos. A primeira, mais básica e mais fácil, é pela internet. Você pode, por exemplo, cadastrar seu projetono no portal Anjos do Brasil. “É importante ter um material bem estruturado para encaminhar”, diz Spina. Isso porque, como o primeiro contato será virtual, esse material será a referência para a avaliação do negócio pelo investidor-anjo.
A segunda forma é por indicação. Ela não é tão simples, depende de você ter uma boa rede de relacionamentos, mas é a que tem mais chance de levar diretamente sua ideia a um investidor. “A indicação já é um pré-filtro para que o match seja bem sucedido”, diz ele. O motivo é claro: “O ‘cupido’ normalmente conhece ambas as partes e, assim, pode avaliar se há potencial para um ‘casamento’.”
Também é possível buscar eventos específicos que reúnem potenciais investidores e novos empreendedores. “Destaco, em especial, um modelo muito produtivo e bem sucedido trazido de experiências do Vale do Silício: osmeetups, encontros promovidos com o objetivo de aproximar empreendedores e investidores, em que são feitas rodadas de apresentação entre ambos, proporcionando oportunidades de um contato inicial rápido”, lembra Spina. Outro modelo que ele destaca são os concursos de projetos ou de planos de negócios, em que novos empreendedores podem inscrever seus negócios para serem avaliados por uma banca de investidores.